Da Folha
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu reduzir a abrangência das perguntas feitas em pesquisas eleitorais neste ano. As novas regras foram publicadas nesta segunda-feira (5) no Diário da Justiça Eletrônico.
Os ministros acrescentaram a uma resolução de dezembro o seguinte parágrafo: “Nos questionários aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas de opinião pública […], são vedadas indagações a respeito de temas não relacionados à eleição”.
A resolução disciplina, entre outras coisas, prazos para divulgação e registro de pesquisas no TSE.
O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, disse que as novas cláusulas podem causar confusão e, em última instância, censurar o trabalho dos institutos de pesquisa.
“Pode provocar o cerceamento do livre trabalho dos institutos. Quando estamos investigando eleição, investigamos vários assuntos que fazem parte do processo eleitoral”, disse.
Para a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari Nunes, a nova norma é muito subjetiva.
“O que quer dizer ‘temas não relacionados às eleições’? Saber a avaliação do incumbente dos governos é importante para entendermos o voto, principalmente no contexto de reeleição”, disse.
“Por exemplo, uma denúncia que seja feita sobre um candidato durante a campanha. Não poderemos perguntar se o eleitor tomou ou não conhecimento, apesar de sabermos que poderá haver impacto na intenção de voto?”, questiona.
Para ela, se o entendimento for de que somente perguntas eleitorais poderão ser feitas, “não saberemos o efeito de apoios, da preferência partidária”.
“Empobrece o entendimento do processo eleitoral”, afirmou Cavallari.