Por Abdon Marinho
E o governo brasileiro não cansa de nos surpreender, negativamente, claro.
Desde a semana passada que a nossa presidente está fora do país. Foi à Suíça onde participou do Foro Econômico Mundial de Davos. Lá, esbanjou otimismo com relação à nossa economia, que não para de causar preocupação pela forma atabalhoada como vem conduzida, com a equipe econômica se valendo de uma tal “contabilidade criativa” para fechar as contas do ano passado, colocando compromissos vencidos para pagar no ano seguinte, segurando artificialmente os chamados preços públicos para evitar que causassem embaraços à meta inflacionária. Ainda na Suíça, sua excelência vaticinou que tudo ficará pronto a tempo da copa do mundo e que esta será melhor de todos os tempos.
Nesta última afirmativa, mais uma prova que não sabem o que dizem. Vejam: Quase nenhuma obra de mobilidade das que foram prometidas saíram do papel. Nas principais cidades sedes o trânsito tornou-se um problema que inferniza a vida dos habitantes, já imaginamos o que acontecerá quando à população normal for acrescida os turistas que para cá virão. Sem contar que os nossos aeroportos já estão se preparando, em face à falta de obras, para um plano B, qual seja, ridículas tendas para funcionar como terminais.
Até os estádios, para onde drenaram parte dos recursos públicos, que juraram não investir, estão com obras atrasadas. Segundo soube, a FIFA informou por estes dias, que a nossas obras estão mais atrasadas do as obras da última copa realizada na África do Sul. Lembram que as vésperas da copa ainda via funcionários arrumando as coisas?
Apesar disso tudo a nossa presidente acha que está tudo muito bem. Que será a melhor copa. Que tudo ficará pronto a tempo.
Saindo da Suíça sua excelência partiu com destino ao farol das Américas, a nação dirigida com mão de ferro pelos irmãos Castro e onde um cidadão comum para ter um carro popular precisa trabalhar apenas 500 anos. Mas quem precisa de carros, se por lá temos um transporte público de qualidade?
No seu destino para Cuba a comitiva presidencial, que lotava dois aviões (acho que nem o presidente Sarney quando fez a célebre viagem a Paris, com uma comitiva que assombrou a França, levou tanta gente), achou oportuno fazer uma parada estratégica em Lisboa, Portugal. Lá, como é próprio dos deslumbrados e dos que atiram com pólvora alheia, a comitiva presidencial instalou-se em caríssimos hotéis, segundo divulgou a mídia, algumas suítes custando 8 mil euros, o valor de um carro popular. Tudo isso por um pouso. Achou oportuno frequentarem restaurantes caros e famosos. A primeira versão de que a escala em Lisboa seria técnica e decidida em última hora, cai por terra quando se sabe que o governo português informa que já sabia da escala desde a quinta-feira, assim como restaurante que informou que as reservas também tinham sido feitas também na quinta-feira.
Acabo de ver nossa presidente na TV falando sobre a polêmica parada em Lisboa. Com a arrogância própria dos que estão certos, sua excelência não titubeou em professar que o jantar no caríssimo restaurante foi pago pelos começais. Tranquilo. Tudo bem. Como perguntar, não ofende, qual a razão da mentira? Porque o desencontro de informações prestadas pelos ministros? Porque não hospedou-se na Embaixada brasileira? Como funcionários que não ganham nem R$ 20 mil, podem pagar hospedagens e jantares tão caros?
Em Cuba, nossa presidente entregou o porto de Mariel, uma obra na qual investimos quase um bilhão e que ninguém consegue provar a importância para o Brasil desta obra. O contrato entre os governos foi classificado como secreto e seus detalhes só serão conhecidos depois de 2030. Sempre me pergunto a razão do selo de secreto neste tipo de contrato. Porque os cidadãos, responsáveis pelos pagamento das contas, não podem saber o que se passa?
O Brasil dos tempos atuais tem sido prodigioso em distribuir recursos públicos a nações amigas, com duvidoso retorno aos interesses nacionais.
Ainda em Cuba, sua excelência, agradeceu aos anfitriões pelo envio dos milhares de médicos do “Programa Mais Médicos”.
O agradecimento, embora protocolar, mais parece uma piada. Senão vejamos: Nós, contribuintes acabamos de bancar um porto estratégico para o país dos irmãos Castro. O governo deles nos envia milhares de médicos (úteis? necessários? não discuto), mas em compensação enviamos a eles R$ 10 mil por cada profissional. Destes recursos, suspeita-se que menos de 30% (trinta por cento) os profissionais receberão, o resto ficará com o governo.
O carisma dos irmãos é algo fora do comum. Eles acabam de receber um monumental presente, receberão uma formidável mesada todos os meses e nós que somos os agradecidos. Não parece piada?