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Varredura antigrampo foi feita para proteger Lobão da PF, diz delator

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Autor das denúncias que levaram a Polícia Federal aprender quatro policiais do Senado na última sexta (21), o servidor Paulo Igor Bosco Silva diz que a primeira varredura fora das dependências da Casa teve motivação declarada de proteger o então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDBMA), das investigações da Lava Jato.

Em entrevista à Folha, Silva afirma que o chefe da Polícia do Senado, Pedro Carvalho, que está preso temporariamente, reuniu seus subordinados para explicar as razões da missão no Maranhão.

Na conversa, em junho de 2014, foi dito que a prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, aproximava a Lava Jato do ministro. O pedido formal para a varredura foi feito pelo gabinete do suplente de Lobão na época, seu filho, Lobão Filho. O trabalho dos policiais legislativos nas casas e escritórios da família aconteceu cinco dias depois da segunda prisão de Costa.

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O advogado que defende Lobão e seu filho, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse que esporadicamente havia esse tipo de pedido e que é um direito dos senadores. “É um dever e uma obrigação da polícia legislativa cumprir essas missões. Não há nada de ilegal e nada tem a ver com a Lava Jato. Quem faz esse tipo de acusação é porque descumpriu o dever. O equipamento só retirava grampo ilegal, portanto, seria impossível obstruir investigação”.

Folha – Vocês falaram alguma vez abertamente sobre Lava Jato?
Paulo Igor – Sim. Era conversado abertamente. Porque, sempre que aparecia o nome de um senador, vinha a varredura. Mas vocês falaram isso com o chefe da Polícia do Senado? Ele ignorava os alertas que dávamos a ele. Nossa missão se esgotava em fazer essa recomendação, como parte do nosso trabalho na parte jurídica. Isso foi conversado abertamente. Todo mundo conhecia isso.

O que ele dizia?

A gente só recebeu assim abertamente a primeira ordem. Ele externou que o objetivo dessa primeira, na casa da família Lobão, era a possibilidade de Lobão ser alvo da Lava Jato. Estava aproximando demais, por causa da prisão do [ex-diretor] Paulo Roberto Costa. Foi assim que ele disse.

Alguma vez algo foi achado?

Nunca soube disso. Os colegas não falavam sobre isso.

Quem pede esse tipo de ordem?

Quem pede é o diretor da secretaria. Todo mundo quer saber quem manda isso. Mas não sei, não faço ideia. Acima do Pedro, não sei como funciona, quem pediu. Quando chegava a mim, ela já vinha pronta. E não é medo de falar, se soubesse, eu falaria.

Como era a relação do Pedro com Renan Calheiros, presidente do Senado?

Não sei. Não faço ideia. Deve ser boa, não? Se fosse ruim, o Renan tinha tirado. O que eu sei é o que está nas regras do Senado. A resolução que fala das atribuições da polícia diz que o que tem de ser feito fora das dependências tem de ter autorização do presidente. Mas eu não sei se teve ou não teve.

O que eram as maletas apreendidas?

Eram aparelhos sofisticados da contra inteligência. Duas pessoas foram fazer até curso nos EUA para aprender a mexer. Até com a Abin eles fizeram curso.

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