Policiais envolvidos em crimes ou vítimas fatais da violência. Em 2011, a reportagem apurou pelo menos 15 policiais maranhenses relacionados com ocorrências deste tipo, sendo seis mortos vítimas de criminosos e nove suspeitos da prática de crimes. O levantamento foi feito a partir de matérias produzidas durante o referido ano. Mas, os números podem ser maiores se confrontados com os registros da Secretaria de Estado de Segurança (SSP). A reportagem tentou conseguir dados atualizados com a assessoria durante a semana, mas, os contatos não foram retornados. A reportagem também tentou contato com o secretário da SSP, Aluísio Mendes, mas as ligações não foram atendidas.
POLICIAIS CRIMINOSOS
Julho – Dia 2 de julho, o soldado Daniel Alves Sena, de 30 anos, matou a mulher, Valéria Pereira Sampaio, 25, com um tiro na cabeça. O motivo: ciúme pela amizade da mulher com um ex-funcionário do policial.
Dia 20, foi registrado um caso de agressão a funcionários da Companhia de Água e Esgotos do Maranhão (Caema), envolvendo dois policiais. Uma filmagem feita por uma pessoa que passava no local no momento da agressão comprovou o caso. As agressões teriam ocorrido pela recusa dos funcionários em liberar a passagem da viatura policial à Rua 38, Qd 29, no bairro Ponta d’Areia. A referida rua passava por serviços e estava interditada. Revoltados com a não liberação, os policiais partiram para agredir os funcionários, segundo relatos das vítimas.
Agosto – O cabo PM Carlos César Costa, de 48 anos, atirou contra a estudante Lúcia Fernanda Nogueira Costa, de 16 anos, na madrugada de 1º de agosto. A jovem estava grávida e o crime foi motivado por um tumulto dos estudantes na porta do policial, que não aceitou o barulho e revidou. O cabo morava no Coroadinho e após o ocorrido, abandonou a casa junto com a família. Ele responde o processo em liberdade.
Setembro – Os comerciantes Nancy Santos Silva, de 36 anos, e José Carlos Sousa, 25, foram vítimas de extorsão praticada por militares, no mês de setembro. Os citados no registro de ocorrência são do 6º Batalhão, na Cidade Operária: cabo Carlos Alberto Silva Santos, 45, o soldado Josielmo Costa, 38, e o sargento José de Ribamar Cunha de Sousa, 41. Segundo a denúncia, os comerciantes foram extorquidos em R$ 1.050, nove aparelhos celulares e cinco pen drives. Apenas o cabo Santos responde o processo em liberdade.
Outubro – O mais notório ocorreu no bairro Upaon Açu, no dia 12 de outubro, Dia das Crianças. Após uma briga de vizinhos, a filha de um sargento atirou contra quatro pessoas, ferindo-as. Entre as vítimas, uma criança de dois anos.
Em outro caso ocorrido em outubro, o cobrador de ônibus Raimundo do Espírito Santos Silva, de 35 anos, foi torturado por três policiais militares do 6º BPM, na Vila Riod. Segundo cobrador, por ter esbarrado na bicicleta de um sargento, começou uma discussão que culminou nas torturas. Os envolvidos foram identificados como sargento Elvis, sargento Santana e cabo R. Morais, que estão respondendo em liberdade.
Novembro – O pedreiro José de Ribamar Vieira Batista foi morto após ser baleado por militares, nas proximidades do retorno da Forquilha, em pleno dia, diante de dezenas de testemunhas. Uma delas, inclusive, filmou toda a abordagem, material que está servindo de provas contra os policiais. De acordo com a versão da polícia, o pedreiro teria abastecido R$10 em seu veículo e saído do posto sem pagar. Versão contestada pela família da vítima.
POLICIAIS VÍTIMAS
Janeiro – Madrugada do dia 24, o policial militar Francinaldo dos Santos Costa, 38 anos, do 6º Batalhão de Polícia Militar, foi assassinado, na Estrada de São José de Ribamar. Ele estava em um bar e pediu uma cerveja, mas não chegou a tomar, pois, havia sido incomodado por pessoas. Ao se dirigir ao carro foi abordado por três pessoas e morto a tiros, pedrada na cabeça e golpes de faca.
Maio – O policial do Grupo de Operações Especiais (GOE) de Imperatriz, Gleison Roberto Veloso, foi morto com um tiro por um morador de um balneário Pedra Branca, estado de Tocantins. O policial estava na busca de um suspeito quando foi surpreendido pelo disparo. Gleison teria conversado com três homens e iniciou um desentendimento que culminou nas mortes. Um segundo policial foi morto no mesmo estado, em consequência deste primeiro caso. Após a notícia da morte do policial Gleison, colegas dele foram a Tocantins para tentar prender os envolvidos. Durante a investigação, o policial Roberto Ferreira Veloso, 37 anos foi baleado ao tentar invadir uma casa em busca do suspeito. Socorrido, ele morreu antes de dar entrada num hospital de Imperatriz.
Outubro – Era madrugada do dia 29, quando o soldado da PM, George Willian Santos Morais, de 41 anos foi assassinado, na Choperia Pit Stop, Estrada de Ribamar (MA-201). O PM estava de férias e em companhia de amigos e familiares. George foi morto com um tiro na cabeça, levado ao hospital, mas morreu nove dias depois. O suspeito agiu por vingança por ter sido preso pelo sargento, no mesmo local, dia antes.
Novembro – Carlos Alberto Santos Gaspar, 62 anos, sargento reformado da Polícia Militar, foi assassinado a tiros, dia 16, durante a manhã. O crime aconteceu em um beco, no Bairro do João Paulo. Carlos Alberto estava aposentado há dez anos. Ao lado do corpo do policial foi encontrada uma faca com a qual, segundo a polícia, ele sempre andava a fim de se proteger.
O ex-policial militar Washington Luis Caíres, de 52 anos, foi morto a tiros por homens encapuzados. Há informes que o corretor de imóveis, Elias Orlando Nunes Filho, e o vereador de Paço do Lumiar, Edson Arouche Júnior, “Júnior do Mojó”, teriam contratado o ex-policial e o sargento aposentado da PM José de Ribamar Costa, “Pretocó”, para executar o superintendente de Polícia Civil, Sebastião Uchoa, e esse serviço seria pago em espécie por um valor de R$ 150 mil. O policial ficou internado, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu em dezembro.
Dezembro – O sargento Clóvis dos Santos Oliveira, de 42 anos, foi morto ao tentar impedir um assalto a um grupo de vendedores ambulantes, por voltas das 14h, na Vila Itamar. O policial foi baleado no peito esquerdo e morreu a caminho do hospital. Municipal Clementino Moura (Socorrão II). Um dos suspeitos, identificado apenas como Pingo, morreu no Hospital Clementino Moura (Socorrão II), para onde foi levado após ser baleado em confronto com a polícia durante a perseguição.