O voto contra da deputada estadual Andréia Rezende (PSB) à aprovação da “Medalha do Mérito Legislativo Manuel Beckman” ao ministro das Comunicações do governo Lula (PT), o deputado federal Juscelino Filho (União) escancarou uma verdadeira crise na família em Vitorino Freire.
Durante a votação do projeto de resolução legislativa de autoria do deputado estadual Roberto Costa (MDB), que tem como objetivo conceder a honraria ao auxiliar de Lula, a parlamentar fez questão de fazer uma intervenção e registrar o seu voto contrário.
“Gostaria que registrasse meu voto em contrário”, registrou a deputada, assim que foi lida a proposta pela Mesa Diretora.
Andréia é esposa do ex-deputado estadual Stênio Rezende, que por sua vez é irmão do pai de Juscelino Filho, portanto tio do ministro.
O ex-parlamentar pretende ser candidato a prefeito de Vitorino Freire, porém o sobrinho decidiu não apoiá-lo, preferindo lançar a pré-candidatura do ex-assessor parlamentar, Ademar Magalhães, mais conhecido como “Fogoió”.
Vitorino Freire está sob gestão da irmã de Juscelino, Luanna Rezende (União), que chegou a ser afastada do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em uma investigação sobre suposto desvio de recursos destinados por emenda parlamentar. Como a atual prefeita não pode disputar novo mandato, por já ter se reelegido, o ministro se articula com outros aliados para lançar um ex-assessor, Ademar Magalhães, no pleito municipal do ano que vem.
Magalhães, que já trabalhou como assessor parlamentar de Juscelino e como motorista na gestão de Luanna, também tem ligações com investigados pelo suposto desvio de uma emenda parlamentar indicada pelo próprio ministro, quando era deputado federal. Segundo a reportagem da Folha, Magalhães é pai da advogada Anne Jakelyne Magalhães, sócia de uma empresa que teria sido usada no esquema. Os acusados já negaram ter cometido quaisquer irregularidades.
O cargo de prefeito também é cobiçado por Stenio, tio de Luanna e de Juscelino. Nas redes sociais, Stenio rebateu críticas feitas por Juscelino e alfinetou o ministro do governo Lula, ao associar os ataques a “investigações envolvendo seu ex-motorista”.
“É fundamental aguardar os desdobramentos dessa investigação para uma compreensão mais precisa dos fatos. E é com tristeza que observo um ministro, filho de nossa querida cidade, menosprezando a importância do nosso município”, escreveu Stenio.
A manifestação do tio de Juscelino veio em resposta a uma nota publicada pelo ministro na terça, também pelas redes sociais, na qual afirmou que “parentesco não é critério para escolha de candidato”, em um recado contra a pretensão de Stenio de concorrer à prefeitura de Vitorino Freire.
O ministro das Comunicações escreveu ainda que a definição do candidato à sucessão de sua irmã “seria algo ditatorial” se fosse imposto unilateralmente “como ele quer”, em nova referência ao tio.
“Quem critica a prefeita Luanna por não apoiar seu tio, mas sim dar oportunidade a outro do grupo, seja um vereador, secretário, assessor ou liderança, não entendeu o novo mundo em que vive, no qual não cabem mais as práticas antigas, oligárquicas, de privilégios para parentes”, afirmou Juscelino nas redes.
Em declarações recentes à imprensa local, Stenio, que é ex-deputado estadual, sinalizou que deve deixar o União Brasil para concorrer à prefeitura contra o grupo de Juscelino. Sua esposa, Andreia Rezende, é deputada estadual e aliada do atual governador Carlos Brandão (PSB)
O ex-deputado tem buscado se aproximar do grupo ligado ao governo estadual, do qual Juscelino tem se mantido mais distante devido a embates em outras cidades, inclusive na capital São Luís. Na semana passada, Stenio publicou uma foto abraçado ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e classificou sua escolha para o Supremo Tribunal Federal (STF) como “motivo de orgulho para o Maranhão”.