O vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP MA), já foi notificado da decisão do ministro Teori Zavascki de afastar do mandato o deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) e assumiu, na manhã desta quinta-feira (5), o comando interino da Câmara dos Deputados.
Também investigado na Lava Jato, Maranhão subiu à Mesa do plenário e, como primeiro ato, encerrou a sessão da manhã desta quinta sem maiores explicações. Logo depois ele seguiu para o gabinete da presidência da Câmara, até esta quarta ocupado por Cunha.
O presidente interino fez apenas um curto pronunciamento às 12h50 ao deixar a Casa sem destino revelado –deputados aliados disseram que ele foi almoçar e voltará à Câmara às 14h.
Maranhão afirmou a um grupo de jornalistas que “vai cumprir a Constituição”. “Ela conduz e baliza nossas atitudes e vamos trabalhar pela
Casa”, disse o deputado, pouco antes de entrar no carro destinado a atender aos presidentes da Casa. Ele se recusou a responder diversas perguntas dos jornalistas, apenas sorrindo em resposta.
Pouco antes, Maranhão havia passado quase uma hora na sala da primeira vicepresidência da Câmara, que tem como uma das atribuições a condução
das sessões no plenário. Ele entrou na sala ao lado do deputado Orlando Silva (PCdoBSP), da base de apoio ao governo Dilma. Pela sala passaram diversos deputados do bloco de oposição a Cunha na Câmara. Eles saíram da reunião dizendo que Maranhão deverá reabrir a sessão às 14h “para debates”.
LUIZA ERUNDINA
“Ele [Maranhão] já está com as prerrogativas de presidente, a Casa não pode ficar sem comando”, confirmou o primeirosecretário, o deputado Beto Mansur (PRBSP).
O abrupto encerramento da sessão gerou revolta nos deputados adversários de Cunha. Em protesto, eles continuaram a realizar uma sessão informal, mesmo com os microfones e o sistema de som desligado, com discursos em voz alta contra Cunha e “presidida” pela deputada Luiza Erundina (PSOLSP).
Alguns portavam uma placa “tchau, querido”, em alusão ao bordão “tchau, querida” que adversários de Dilma Rousseff usaram durante a votação do impeachment.
Em meio ao atordoamento geral, a deputada Mara Gabrilli (PSDBSP) questionou Mansur no plenário: “Vai ficar essa zona aí?”. Mansur disse que não tinha o que fazer. “Como vou tirar a Erundina da cadeira de presidente, uma deputada que tem a idade…”, disse, sem completar a resposta. Erundina
tem 81 anos.
De acordo com a SecretariaGeral da Mesa, o afastamento de Cunha não resulta em novas eleições porque não há vacância do cargo. Há um afastamento, que pode ou não ser provisório. Novas eleições só acontecerão se Cunha renunciar à função. Isso levaria à realização de uma eleição para a presidência da Câmara em até cinco sessões.
Aliados se reuniram com o peemedebista, em sua residência, pela manhã. Entre eles, Mansur. “Ele está muito desapontado”, disse o deputado.
Folha de São Paulo